Todos os livros que leio, ao
fim escrevo um poema. Não é uma resenha em forma de poesia sobre o livro, é só
alguns rabiscos poéticos ou anotações do que aconteceu naquele dia. Às vezes
quando alguém me pede um livro emprestado fico com vergonha de emprestar, não
pelos rabiscos poéticos em si, mas pelo que dizem, às vezes são bobagens, outras confissões íntimas não menos bobas.
Podemos escrever coisas por
muitos motivos: para preservar nossa própria memória, para sermos lidos,
desabafar no papel a falta de ouvidos que queriam ser par em nossas divagações,
para nunca ser lido, escrever no silêncio do quarto o que não temos coragem de
falar a pessoa alguma.
Certa vez uma conhecida me
disse que eu estava em seu diário, fiz de tudo para ler, mas ela sempre dizia
que era íntimo demais. Ficava pensando que íntimo demais era esse se éramos
amigos superficiais? Talvez ela tivesse uma relação secreta comigo, algo que só
ela e seu diário sabiam, uma relação que entre nós sempre foi quase gélida…